PROPINA E ROUBO, QUAL DOS DOIS?

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Análise para RNA e Pan Amazônia – 30.07.2015

Propina e roubo, qual dos dois?…

Propina hoje, uma palavra bastante usada nos meios de comunicação social. Com a chamada operação lava jato, ficou mais popular. O que mesmo ela significa? No dicionário do Aurélio, propina tem sentido até razoável – gratificação, gorjeta. Quem dá gorjeta no restaurante faz um gesto meio generoso e pode ser chamado de propinador e não tem nada de mal.

Mas no Brasil de Norte ao Sul, Leste a Oeste, a palavra propina tomou outro rumo, perdeu a inocência. O motorista que cometeu uma infração e é flagrado pelo guarda, oferece uma propina para não ser multado. Isso é gorjeta ou é roubo? Quando um secretário municipal, estadual ou federal, cobra uma porcentagem para adiantar um serviço público, isso é propina. Quando um prefeito, governador ou presidente, aplica dinheiro público em sua conta particular. Aí isso é roubo mesmo, não é? Ou é propina? Se é uma coisa ou outra, porque é mais difícil um desses propinadores ser preso e permanecer no presídio junto com o vendedor de droga e o assassino? Tem muita diferença?

Aí chega o processo lava jato. A empresa Petrobrás foi assaltada por um bando de gente e empresas consideradas respeitáveis para os poderes públicos e para a burguesia nacional. O Ministério Público Federal e Polícia Federal abriram a caixa branca dos envolvidos no que chamam de propinas na Petrobrás. Mesmo assim, as empresas das propinas contratam advogados para livrá-las da prisão e da vergonha. Utilizam a tal delação premiada, buscam a filigrana da lei chamada de leniência, tudo para escapar do presídio.

Mas nenhum jornal ou grande canal de televisão os acusa de roubo, de ladroagem, afinal são pessoas de elite empresarial, ou deputados e senadores e gente fina não rouba, apenas se aproveita das facilidades do mercado amoral. Ou será que alguém imagina que algum prefeito que tenha roubado dinheiro público, ou pegado 10% da compra de merenda escolar das crianças, terá dor de consciência? Ainda mais se usa parte desse dinheiro da propina e do desvio de dinheiro público para pagar advogados espertos, para retardar o julgamento e até esgotar o prazo de validade.

O Brasil vive uma grande crise, tão séria ou mais do que as crises, econômica, de saúde e de educação, entre outras, é a crise da moralidade, tanto a individual, quanto a empresarial e de servidores públicos. Quando será que essas propinas escandalosas serão consideradas roubo e crime hediondo?

Só com uma nova constituição nacional realmente soberana, em que a sociedade civil organizada tenha mais poder do que os atuais representantes do povo. Está em andamento um grande abaixo assinado para exigir do Congresso Nacional, hoje desmoralizado pelas laranjas podres que estão lá, que convoque uma constituinte livre e soberana. Isto depende de cidadãos interessados em mudar este país abençoado por Deus e amaldiçoado pelo Mercado e pelos propinadores inescrupulosos.

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