Resistência urgente para salvar vidas
Análise da semana – Nossa Voz é Nossa Vida – 09.12.2018
Amigo ouvinte, amiga atenta ao que acontece na vida e carece de entendimento. Partilho com você, alguns fatos que nos levam a buscar explicações para sabermos como agir. Nas igrejas católicas, hoje os fiéis tem uma convocação do profeta João Batista. A mesma é também para os cristãos das outras igrejas. Diz o profeta: “Preparem o caminho para o Senhor, limpem os atalhos para ele passar”. Isto significa, que não podemos ficar de braços cruzados diante das injustiças e explorações que estão acontecendo ao nosso redor e na Amazônia. Quando o Senhor chegar quer nos encontrar ativos, solidários, no caminho da justiça. Quando a gente fica sabendo o que estão planejando lá em Brasília e o que está pra acontecer em nossa região, por que ficar parado? Imagine que as falas do novo presidente e seus auxiliares são de prejudicar povos indígenas, ribeirinhos, moradores de periferias. Pensam acabar com aposentadoria antes dos noventa anos, pensam em ampliar a destruição de florestas e terras indígenas, para aumentar a produção de soja, milho e gado. Acabam de anunciar a nomeação de uma mulher reacionária para ministra da família e dos direitos humanos. Vai ela também ser responsável pela Fundação Nacional do Índio, FUNAI. O que esperar dela?
Mas olhando o que rola aqui na região, descobrimos que há sinais de esperança. Há grupos lutando por justiça e solidariedade. Na próxima sexta feira acontecerá o segundo Forum em defesa da APA Serra de Saúbal, ali no bairro Santo André. Muitos desconhecem a importância de tal movimento. Serra do Saúbal, antiga área da Embratel, uma preciosa área de floresta, que serve para aliviar o calor da cidade. Há seis anos um grupo de cidadãs/ãos vem lutando para preservar aquela área. Várias caminhadas com estudantes e membros dos bairros Nova República e Santo André, foram realizadas; pressões sobre a Câmara de vereadores e Secretaria municipal de meio ambiente conseguiram legalizar a APA SAUBAL, mas continuam enfrentando empresários oportunistas que tentam utilizar a área para fins comerciais. Já existe a lei da APA SAUBAL, mas falta urbanizá-la. Daí o Fórum a ser realizado na próxima sexta feira. A resistência popular é que salva o bem comum. Os lutadores populares esperam que as autoridades botem fora da APA os oportunistas, preservem e cultivem a área para o bem da cidade.
Outro sinal de esperança ocorreu no meio da semana. Desta vez dentro da Universidade Federal do Oeste do Pará. O Movimento Pro Índio de São Paulo, e estudantes da UFOPA, promoveram um encontro sobre os impactos sociais e ambientais causados por 40 anos de exploração de bauxita no rio Trombetas em Oriximiná. Na mesa redonda estavam testemunhas vivas dos sofrimentos das populações atingidas pela empresa multinacional Mineração Rio do Norte, MRN. Dona Olgaide da comunidade Boa Vista do Trombetas e seu vizinho Amarildo descreveram as angústias, a injustiça do IBAMA e ICMBIO cúmplices das desgraças causadas pela mineradora.
Os dois moradores pediram socorro aos participantes do encontro. O livro, com o título “Antes a água era cristalina, pura e sadia”, conta as percepções quilombolas e ribeirinhos dos impactos e riscos da mineração em Oriximiná. Vários outros moradores da região explorada pela multinacional MRN testemunharam as injustiças causadas pela empresa. Ela exporta 18 milhões de toneladas de bauxita por ano e deixa lixo, veneno e miséria aos moradores da região.
O grito dos testemunhos presentes sensibilizou os universitários para o chamado à luta solidária. É urgente a defesa da vida e da mãe natureza, saqueada pela Mineração Rio do Norte. As desgraças causadas aos moradores do rio Trombetas estão se repetindo aos moradores do município de Juruti. Ali a ALCOA, saqueia, destrói e já insiste em invadir a região do Lago Grande do Curuai. Os moradores precisam escutar os moradores do Trombetas e Juruti Velho para impedir novas desgraças. Povo que se cala consente e se torna escravo. Quem aceita ser humilhado?