Mês: abril 2023

Para defensor do agronegócio na Amazônia não existe agricultura familiar,,,kkk

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Editorial RNA 29.04.2023

Há poucos dias políticos federais, 14 dos quais da Amazônia,  abriram mais uma porteira para grileiros, fazendeiros, e demais destruidores da Amazônia, ao aprovarem uma medida provisória ampliando por mais 180 dias,  exploradores da terra trabalharem ilegalmente . Agora são políticos da região bacia do rio Tapajós, vereadores e garimpeiros que se juntam para justificar suas formas de destruição da Amazônia.

Vereadores de 26 municípios do Pará e Mato Grosso estão ontem e hoje em Santarém discutindo vários temas, ligados ao entorno da rodovia Br.163 (Santarém Cuiabá). Para se ter ideia do nível dos participantes, um chegou a dizer publicamente que não existe agricultura familiar, só  agricultura, tanto faz se é agronegócio ou não.

Os temas são todos relevantes: Regularização fundiária, ferrogrão, Flona Jamanxin, garimpos, entre outros. Todos são temas controversos, há opiniões favoráveis dos que exploram as riquezas da Amazônia, e desfavoráveis os que são contra por serem desastrosos aos povos tradicionais e ao meio ambiente. Essas outras questões sérias que tem a ver com desenvolvimento realmente sustentável, careceriam de um encontro de cinco a dez dias de ampla discussão e definições.

O que pretendem os vereadores com discutir esses assuntos? ouvir as razões porque pesquisadores e organizações da sociedade regional são contra a ferrogrão? Certamente que não. No anúncio do encontro não consta exposições de organizações indígenas, nem dos sindicatos de produção familiar, nem dos movimentos ambientalistas.

Felizmente organizações estudantis e movimentos populares organizados protestaram contra o escandaloso encontro que acontecia dentro da Universidade Federal do Oeste do Pará. Pela pressão popular, o triste encontro concluiu na câmara de Vereadores.

Assim, grande território em disputa, tem além dos exploradores internos, há os políticos, eleitos pelos pobres dos nove estados da Amazônia que se prestam a servir cinicamente aos exploradores.

Para quem os políticos trabalham e quem paga seus robustos salários

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Notícia comentada para Red Pam 26.04.2023

Na semana passada aconteceu um fato que retrata como funciona a política brasileira em relação às questões ambientais especialmente na Amazônia. Ações da fiscalização realizadas pelo Ibama na Amazônia nas últimas semanas desencadearam uma reação de parlamentares da região, que passaram a exercer pressão sobre o órgão e o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima em Brasília. Na semana passada, um grupo formado por 16 deputados federais, quatro senadores, dois deputados estaduais e uma prefeita de três Estados amazônicos Acre, Amazonas e Rondônia. Além de reagirem contra a fiscalização do IBAMA propõem prorrogação de uma medida provisória de regularização ambiental de produtores rurais por 180 dias.

Não é necessária quebrar cabeça com análise, para se saber a serviço de quem os ditos bem pagos ilustres deputados acabam de prorrogar o prazo. Ao menos dois fatores explicam mais essa banalização do cumprimento da lei já existente desde 2017, que até então seria apenas para pequenos produtores familiares. Os que defenderam tal absurdo são, a bancada Ruralista, que domina o Congresso Nacional e também o ex ministro do meio ambiente, maior violador das leis ambientais no país, Este hoje deputado federal foi quem mais facilitou a grilagem de madeireiros, e destruição de floresta, quando ministro do meio ambiente do governo passado.

E por que a defesa da prorrogação desse escandaloso prazo? não é preocupação com os pequenos produtores familiares e seus pequenos lotes de 100 hectares. Quando se conhece que além do criminoso ex ministro, outro defensor do agronegócio também triste deputado da Amazônia, Josué Bengtson que justifica a prorrogação a fim de os proprietários rurais poderem obter financiamento público para as propriedades que ainda não estejam inscritas no cadastro e nem sejam   participantes no Programa de Regularização ambiental.

Em resumo, os políticos eleitos por maioria de eleitores pobres, estão a defender interesses dos grandes proprietários, que enriquecem com o uso e abuso da terra brasileira, sem respeitar o meio ambiente.

A partir dessa ridícula prorrogação de 180 dias de prazo, os  grileiros e invasores de terras públicas, poderão continuar seu enriquecimento ilícito agora parcialmente legalizado.

Hoje não é dia de índio

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Notícia comentada para RED PAM 19.04.2023

Hoje 19 de abril a nação brasileira celebra o dia do índio, assim diz o calendário. Também hoje, graças as lutas dos povos indígenas, já não aceitam ser o dia do índio, mas dos povos indígenas.

Com o crescimento da consciência identitária no país e o combate aos vários tipos de racismo, social, raça, entre outros tipos, cada dia mais cresce a luta por direitos humanos coletivos, inclusive da mãe natureza.

No recente levantamento do Instituto brasileiro de geografia e estatística, IBGE o número de auto identificadas como indígenas chegou a um milhão, seiscentos e 52 mil e 876 pessoas. São 266 povos, dois terços vivem na Amazônia, entre os quais 92 povos vivem isolados. São 273 línguas próprias faladas por esses povos.

Hoje os povos indígenas no Brasil estão organizados em várias organizações civis, como Conselho indigenista tapajós Arapiuns, Conselho indígena de Roraima, além Associação dos povos indígenas do Brasil, APIB. Suas maiores lutas hoje é por demarcação  de muitas terras ainda não reconhecidas pelo Estado e ameaçadas por grileiros e fazendeiros. Outra luta  é pela derrubada do chamado marco temporal, no Supremo Tribunal Federal. Para os povos indígenas suas terras são as que foram usadas pelos seus ancestrais desde a invasão dos colonizadores.

Com a entrada do novo governo Lula da Silva os indígenas conquistaram um grande avanço. Foi nomeada como ministra dos povos originários a advogada indígena Sônia Guajajara e para presidente da Fundação nacional dos povos indígenas FUNAi, a também indígena deputada Joênia wapixana. Assim aumentam as esperanças dos povos indígenas em terem seus direitos garantidos.

Por que tantas mortes no campo da Amazônia?

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Editorial para Rádio Aparecida – 19.04.2023

O fato de o número de mortes por conflitos no campo estar aumentando nos últimos anos em si não deveria causar surpresa. Afinal, a Amazônia se tornou, desde o início deste século, a nova fronteira agrícola do país. Mesmo este bioma não sendo apropriado para grande agricultura, como a economia do país se baseou nos últimos 30 anos na dita indústria de produtos primários e extrativismo predatório, fica em parte, esclarecida emergência dos conflitos no campo da Amazônia.

O complemento desta situação é a irresponsabilidade dos governos pelos cuidados com os povos e a especialidade do bioma. A Amazônia é uma região de floresta e de povos adaptados à convivência com a natureza. Tanto os povos originários, como os povos tradicionais conviveram por séculos sem destruir a floresta.

Acontece que quando a ditadura militar em 1970 decidiu abrir as grandes estradas na Amazônia para entregar e não integrar, embora eles afirmassem o contrário, o então considerado inferno verde se tornou o eldorado para o extrativismo predador que se agravou quando no início deste século, a expansão das fazendas e da soja entrou de vez no eldorado do capitalismo nacional.

Com a fragilidade da aplicação das leis ambientais por parte dos governos, vieram as invasões de grileiros, fazendeiros, mineradores, numa sanha de gafanhotos do Egito moderna. O antigo inferno verde se tornou hoje inferno agressor aos originários moradores, indígenas, ribeirinhos, pescadores, pequenos agricultores e à própria natureza amazônica.

Eis um dos grandes desafios para as lutadoras  ministras, Marina Silva e Sônia Guajajara, convencer seu governo federal, a estancar a destruição da floresta, parar as mortes por conflitos no campo e enfrentar a agravante iminência do cataclismo climático sobre o qual a Amazônia tem muito a ver. Vidas humanas valem mais do que crescimento econômico com extrativismo predador.

Terá o governo Lula condição de salvar a Amazônia?

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Editorial Rede Aparecida – 13.04.2023

O governo Lula da Silva, do Brasil, trava uma guerra fria com três inimigos: o Banco Central que insiste em manter a mais alta taxa de juros do mundo, impondo ao governo federal pressão econômica e prejuízos para os investimentos em educação, saúde e atenção aos pobres;

Outro inimigo, sãs os adeptos do Bolsonarismo, inconformados perdedores das últimas eleições e também os grileiros desmatadores da floresta Amazônica, que nos três primeiros meses do atual governo, já destruíram 860 quilômetros quadrados de floresta.

A Ministra do meio ambiente, mesmo tendo compromisso sério com o meio ambiente, ainda não teve tempo de organizar nova equipe de servidores comprometidos com a nova política ambiental do país e da Amazônia em especial.

Com todos esses inimigos pela frente, e ainda com as emergências provocadas pelos alagamentos Brasil a fora, sinal mais que evidente das mudanças climáticas em andamento, o governo Lula está diante de um sério desafio, que é fazer o país  avançar no combate à desigualdade social, avançar no compromisso de floresta em pé, defesa dos rios violentados e ainda crescer a economia do país gerando empregos e melhoria da qualidade do povo.

Para cumprir esses compromissos com a defesa da Amazônia, o governo precisa aparelhar o IBAMA. ICMBIO, INCRA, Polícia federal na região. Mas para isso, o desafio é encontrar equipes competentes e comprometidas com tão missão. Esses órgãos estavam esvaziados nos últimos 4 anos. Cada órgão desses tem superintendências nos nove Estados da Amazônia e no pantanal.

O ministério do meio ambiente precisa de recursos financeiros e equipamentos para a defesa do bioma regional ser concretizado. Enquanto não se apressa a por em marcha o cuidado ambiental, os inimigos continuam desmatando e invadindo garimpos em Rondônia, Pará e Mato Grosso.

A grande questão é, terá o governo atual força e decisão de cumprir essa difícil missão? Exatamente, uma missão mais que uma tarefa. Pressionado pelo grande capital e com a sociedade civil tão desarticulada, o governo corre sério risco de em quarto anos ver a Amazônia mais destruída do que hoje. Sem querer ser pessimista é preciso muito apoio das organizações sociais comprometidas com defesa do planeta.

Judas e Bolsonaro quem mais traiu?

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Editorial Rede Aparecida 05.04.2023

Quarta feira santa, no calendário cristão. Na liturgia católica é lembrado o apóstolo Judas Iscariotes. Neste mesmo dia começou em Brasília é intimado o ex presidente Bolsonaro a responder interrogatório na Polícia federal sobre uma triste transação das Joias árabes.

Judas conviveu três anos com Jesus de Nazaré, tentando convencer o mestre a liderar uma guerrilha contra os estrangeiros romanos; Bolsonaro viveu mais de 20 anos envolvido em cargos políticos, inclusive mais recente como presidente da república.

Judas tinha objetivos políticos e religiosos, expulsar o invasor romano da terra santa. Portanto, era um homem honesto, sério, um zelota, mesmo que sua ânsia em expulsar o inimigo o levasse a esquecer que sem uma militância consciente dos massacrados, não adiantaria expulsar os invasores. Aliás esta era sua fonte de divergência com seu migo Jesus. Quando ele sentiu que não convenceria o mestre galileu a liderar  a revolução, decidiu abandoná-lo e entregar aos inimigos religiosos Caifás e seus adeptos.

Aqui está a diferença entre o caráter de Bolsonaro ex presidente e o de Judas, o zelota. Bolsonaro está hoje respondendo acusações graves de desvio, não só de joias, mas de caráter. Afinal, depois de quatro anos abusando do cargo a que foi eleito para cuidar a coisa pública de seu povo, especialmente saúde, educação, melhoria de vida de milhões de pobres, preferiu cuidar de seus interesses e de amigos.

Nesta semana santa, portanto, dois personagens chamam a atenção, enquanto o mestre galileu enfrenta a morte cruel, por amor a seu povo, um dos personagens perdeu o rumo de vida por obsessão de expulsar os invasores que humilhavam seu povo. Já o personagem brasileiro da semana santa é investigado pela justiça traição real a seu povo. Assim foi e assim é hoje no Brasil a semana santa.

Por que desejar Feliz páscoa a você?

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Por que a palavra PÁSCOA quer dizer passagem de mudança, de de compromisso, de atitudes, de humor, de relacionamento e inclusive de convivência com Jesus de Nazaré, cuja passagem da vida terrestre para vida mística aconteceu e acontece de vez em quando na vida da gente.

Não importa se você segue uma religião, uma utopia, ou se só segue a si mesmo até hoje. Importa é que nesta semana santa aconteça uma passagem em você e em mim do estagio em que estamos para um estágio mais humano. Isso basta e por isso lhe desejo uma FELIZ PÁSCOA.

Um milagre em defesa de um rio acontece na Amazônia

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Editorial RNA 04.04.2023

Uma boa notícia na Amazônia em plena semana santa. Um milagre acontece no pequeno município de Guajara-mirim, 47 mil habitantes, no Estado de Rondônia, vizinho da Bolívia.

Seguindo os bons exemplos de países como Equador e Bolívia, a Câmara de vereadores de Guajará-mirim decretou os direitos do rio Lages. Dois indígenas vereadores lançaram um projeto de lei municipal sobre o direito do pequeno rio tão importante naquela região. A nova lei sobre direitos da natureza entrou na constituição municipal de Guajara-mirim, depois de vários encontros de discussão sobre as ameaças que acontecem em vários rios da Amazônia. cinco vereadores defenderam os direitos da natureza e a necessidade de preservação do ambiente integral em que vivemos. As lideranças de povos indígenas, que ocupam diversos rios, também pediram que os Direitos dos rios já em lei municipal, na prática sejam estendidos para outros rios como o Ribeirão, o Madeira, o Mamoré, o Pacaás, o Guaporé entre outros.

Essa conquista popular sobre defesa do meio ambiente, é um sinal de que pouco a pouco as consciências populares podem mudar o sistema de ambição dos que olham a natureza apenas como objeto de exploração e lucro.

O compromisso assumido pelo pequeno município de Guajara-mirim pode ser início de os nove estados da Amazônia brasileira sintam responsabilidade em cuidar de outros importantes rios como o Tapajós, Arapiuns, e Madeira, entre outros. A ambição de garimpeiros em busca de outro e diamantes tem violentado outros grandes e belos rios da Amazônia.

A presença de líderes indígenas nas gestões políticas municipais, estaduais e federal é a esperança de mudança nas leis, reconhecendo os direitos da Natureza. Daí a importância de o novo governo brasileiro ter nomeado a ministra dos povos originários, Sônia Guajajara e a presidente da Fundação nacional do índio, Joênia Uapixana.